Assim como a tristeza, a ansiedade também é um aspecto da experiência humana. Mas quando em excesso pode causar transtornos e adoecimento psíquico. Saiba mais neste artigo.
Neste texto falarei sobre o que é ansiedade, sintomas e quando procurar por ajuda de um profissional da área da saúde mental. Aproveite!
Assim como a tristeza, a ansiedade e o medo também são aspectos da experiência humana. São reações normais ao estresse e podem ser benéficos em algumas situações. Podem nos alertar para os perigos e nos ajudar a preparar e prestar atenção.
A ansiedade é uma reação antecipada a uma preocupação futura e está mais associada à tensão muscular e ao comportamento de evitação de situações. O medo é uma resposta emocional a uma ameaça imediata e está mais associado a uma reação de luta ou fuga - seja para lutar ou sair para escapar do perigo. Esses estados se sobrepõe diante de situações sentidas como perigosas e nos ajudam a evitar tais situações. São importantes para preservação da vida.
No entanto, a ansiedade e medo quando em excesso e de forma intensa e frequente podem causar transtornos e sofrimento psíquico.
"Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados".
Os transtornos de ansiedade são os mais comuns dos transtornos mentais e no Brasil afetam aproximadamente 18,6 milhões de pessoas (9,3% da população), segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas os transtornos de ansiedade são tratáveis e uma série de tratamentos eficazes estão disponíveis. O tratamento ajuda a maioria das pessoas a levar uma vida produtiva normal.
O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), classifica alguns tipos de transtornos de ansiedade. A seguir, falarei brevemente sobre cada um dos tipos.
Tipos de Transtornos de Ansiedade
O DSM-V define tipos diferentes de transtornos de ansiedade. Aqui vão alguns descritos e os mais comuns:
Transtorno de Ansiedade de Separação: está relacionado ao medo ou ansiedade excessivos e persistentes de perder ou se separar de figuras de apego (por exemplo, dos pais). É mais comum em crianças e adolescentes, mas pode afetar adultos também. Se o indivíduo apresenta 3 ou mais sintomas da lista abaixo deve procurar por um médico:
Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego;
Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego;
Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego;
Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação;
Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos;
Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego;
Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;
Repetidas queixas de sintomas somáticos quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista.
Mutismo Seletivo: é caracterizado por fracasso consistente para falar em situações sociais nas quais existe expectativa para que se fale (por exemplo, na escola), mesmo que o indivíduo fale em outras situações. O fracasso para falar acarreta consequências significativas em contextos de conquistas acadêmicas ou profissionais ou interfere em outros aspectos na comunicação social normal. Esse transtorno geralmente está associado ao transtorno de ansiedade social (fobia social).
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): caracteriza-se por medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Por exemplo interações sociais, ser observado e situações de desempenho diante de outros.
Os transtornos de ansiedade são os mais comuns dos transtornos mentais e no Brasil afetam aproximadamente 18,6 milhões de pessoas (9,3% da população)
Transtorno de Pânico: é uma sequência de crises de ataques de pânico recorrentes e inesperados. O indivíduo está frequentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico ou alterações prejudiciais em seu comportamento devido aos ataques de pânico. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
Palpitações, coração acelerado, taquicardia;
Sudorese;
Tremores ou abalos;
Sensações de falta de ar ou sufocamento;
Sensações de asfixia;
Dor ou desconforto torácico;
Náusea ou desconforto abdominal;
Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;
Calafrios ou ondas de calor;
Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento);
Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo);
Medo de perder o controle ou “enlouquecer”;
Medo de morrer.
"Ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos".
Agorafobia: caracteriza-se por medo ou ansiedade exacerbados diante de 2 ou mais das seguintes situações:
Uso de transporte públicos;
Permanecer em espaços abertos;
Permanecer em espaços fechados;
Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão;
Sair de casa sozinho.
Transtorno de Ansiedade Generalizada: caracterizada por excessivas e persistentes preocupações e ansiedade em várias áreas da vida. O indivíduo não consegue controlar as preocupações e ansiedade. Se você apresenta 3 ou mais sintomas da lista abaixo por no mínimo 6 meses e na maior parte dos dias, procure por um médico:
Esses são os principais transtornos de ansiedade descritos no DSM-V. Embora cada tipo apresente características diferentes, elas se assemelham pela ansiedade ou medo excessivos e persistentes diante de situações desencadeadoras ou não.
Sinais de que você precisa procurar por ajuda
Os transtornos de ansiedade citados tem sintomas e causas específicas e foram descritos acima.
De forma geral, se você apresenta 3 ou mais dos sintomas abaixo e isso é um incomodo ou gera sofrimento intenso para você, é hora de procurar ajuda profissional:
Sintomas físicos diante de algum objeto ou evento: palpitações, coração acelerado ou taquicardia; sudorese; tremores; sensação de falta de ar ou sufocamento; sensação de asfixia; dor ou desconforto torácico; náusea ou desconforto abdominal; sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio; calafrios ou ondas de calor; formigamento em partes do corpo; cansaço excessivo, tensão muscular
Alterações no sono: insônia ou hipersonia; pesadelos;
Alterações de humor: irritabilidade, inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, medo de perder o controle ou “enlouquecer”; medo de morrer
Alterações cognitivas: dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente; desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).
Como já dito antes, a ansiedade e medo são aspectos naturais do ser humano, ou seja, todos já tivemos e/ou teremos durante a vida diante de situações pontuais. São instintos que ajudaram na sobrevivência, preservação e continuidade da espécie humana. Eles também nos ajudam a evitar ou fugir de situações perigosas.
Mas quando são desproporcionais ao perigo real das situações, a ansiedade e medo se tornam patológicos e causam sofrimento psíquico intenso e prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida da pessoa.
Tratamento
O diagnóstico é feito por um médico que avaliará o quadro sintomático do indivíduo e descartará outras possibilidades. O tratamento será definido conforme a gravidade dos sintomas, mas geralmente é medicamentoso associado com psicoterapia.
Deixo aqui um vídeo muito bacana que fala da ansiedade resumidamente:
Finalizando...
Se seu medo ou sua ansiedade estão lhe causando incômodos, sofrimento psíquico intensos e estão lhe prejudicando em alguma área de sua vida (social, profissional ou outra) procure por ajuda de um médico ou psicólogo. Esses profissionais tem capacitação para lhe ajudar nos sintomas!
Não negligencie sua saúde mental! Psicoterapia faz bem!
Referências:
Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V);
https://www.who.int/mental_health/management/depression/prevalence_global_health_estimates/en/
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